segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Não foi sonho

E de repente nós estávamos ali, deitados, abraçados, nos beijando. A TV passava um filme, que até tentamos assistir, mas acabamos aproveitando simplesmente o fato de estarmos juntos. Parecia tudo tão inacreditável. Depois de tanto tempo tentando, chorando, me esperneando. Ali estava ele, mal vestido como sempre, mas lindo. Nossa como ele era lindo. Sabia que não era sonho, porque o sentia, é claro que o colorido da camisa fazia a minha vista doer, mas fechando os olhos eu o sentia.

Tem certos momentos que são eternos, aquele era, o abraço envolvente, o beijo engolidor, o tempo podia parar, congelar, pelo menos esquecer de nós dois. Mas aquilo era só o começo, o mais difícil vinha depois, o bendito relacionamento, o simples, porém nada é mais complexo, o fato de conviver com o outro. E esta é a questão. Quantas vezes tentei e só fiz merda.

Claro que aqui estou eu, decidida a tentar de novo, com a certeza que serei mais cautelosa, mais cabeça no lugar ou cabeça feita ou alguma outra cabeça qualquer diferente da minha.

Mas eu preciso tentar, só para poder repetir este momento.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain

Le fabuleux destin d'Amélie Poulain
ou
O fabuloso destino de Amélie Poulain

Imagine uma menina, filha de um médico, que nunca demonstra seu afeto e só toca a sua filha uma vez por ano, quando ocorre a avaliação médica desta. Ela fica tão emocionada com o toque do pai (com estetoscópio), o coração bate tão acelerado, que este pensa que a filha é portadora de uma doença cardíaca e resolve não colocá-la na escola. Assim Amélie Poulain passa a ser educada pela mãe, que é professora.

Este é o começo de O fabuloso destino de Amélie Poulain, 2001, filme francês de Jean-Pierre Jeunet, o mesmo diretor de Alien – A Ressurreição. Com Audrey Tautou (a Sophie Neveu do Código Da Vinci) como Amélie. O filme ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Já adulta, morando e trabalhando como garçonete em Montmartre ela se assusta com a notícia da morte da Lady Di e deixa a tampa do seu perfume cair, batendo no azulejo do banheiro que por sua vez cai. Assim ela descobre uma caixa com alguns brinquedos de menino e ela toma a seguinte resolução: encontrar o dono do tesouro e se ele ficar feliz ela se tornará uma idealista, não se esqueçam que é um filme francês. Aliás isto é impossível, embora não haja nenhum take típico de Paris, tudo respira França, principalmente a música. Acordeom, violino e de repente o som de uma caixa de música, lírico, belo, deleite aos ouvidos.

E assim a menina tímida vai passando e “arrumando” a vida das pessoas ao seu redor. E assim temos um belo e simples filme, algo cada vez mais raro de se ver.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Running with Scissors

Running with Scissors



Intrigante, talvez esta seja a única palavra que encontrei para explicar, se é que uma palavra explica alguma coisa, o filme “Running with Scissors” (Correndo com Tesouras) de 2006. O filme é uma adaptação do livro autobiográfico do mesmo nome, escrito por Augusten Burroughs, que aparece no final do filme, antes dos créditos, com o ator que o interpreta. Na década de 70, angustiado com o momento que estava vivendo, começa a escrever um diário. Filho de pai alcoólatra e mãe, digamos, com grande instabilidade emocional, Augusten é obrigado, por ser menor, a ir morar com o psiquiatra da mãe. Ele que reclamava que a sua família não era normal, se vê obrigado a descobrir o que é “anormalidade”.

O tema da loucura, acredito ser, de difícil abordagem, fica entre a comédia e o drama, e é isso, pelo menos me pareceu ser, o que o diretor Ryan Murphy, roterista durante um tempo da série “Nip/Tuck”, tenta fazer. Com uma narrativa atraente se passeia por um banquete de loucuras. Quem gosta do tema não pode perder. Augusten é interpretado por Joseph Cross, sua mãe um ótimo trabalho de Annete Bening. Também tem a participação da Gwynet Paltrow. Mas na verdade quem esta excelente, como sempre é Jill Clayburgh. Quem não se lembra dela, se isto for possível, “An Unmarried Woman” (Uma Mulher Descasada) de Paul Mazursky, 1978, e o inebriante “La Luna” de Bernardo Bertolucci, 1979. Se você ainda não lembrou, assista “Dirty Sexy Money”, por que a sua presença por menor que seja sempre dá um toque especial.

Voltando a questão da loucura, anormalidades, ou seja, lá que nome daremos a este estado emocional, o que é inegável, é a dificuldade que existe de se conviver com alguém assim, porém no filme parece que todos estão em estado de pré-surto, a falta de esperança é um abismo que envolve a todos. Não existe a ordem tão necessária para a sobrevivência humana. Em um determinado momento Augusten, então um adolescente, escreve em seu diário, como ele sente falta das “regras”, de ter hora para chegar em casa, de receber broncas da mãe, etc...

Porém prefiro olhar sempre o lado positivo de tudo, e o mais importante é que alguém conseguiu ver que a esperança não está no formato das fezes, e que o prosseguir não está em um Valium, mas, quem sabe, em alguns momentos, se possa encontrar isso tudo em um bom prato de comida caseira.