segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Fim de Semana


Era para ser um fim de semana perfeito, não tinha nada para dar errado, mas acho que ele não sabia disso e por isso deu tudo errado.
Por que eu sonhei tanto, por que eu esperei o impossível? Será que não devo sonhar tanto? Mas não era sonho desta vez, ele havia me dado todos os sinais necessários, eu sabia que neste final de semana enfim iria rolar. Gente eu não posso ser tão burra assim, eu não posso ter entendido tudo errado. Porém na festa que seria nossa, ele apareceu com outra. Eu não sabia aonde me meter, eu não sabia para onde olhar, o que fazer ou dizer, apenas bebi e fugi.
No dia seguinte, isso é que é o pior, sempre há um dia seguinte, era Domingo, último dia de um encontro do grupo com que havia estudado no EM. E claro eu havia cancelado minha participação, já que nada poderia atrapalhar a perfeição do meu final de semana. Depois de arder de dor de cabeça metade do dia, resolvi me encontrar com o grupo na saída do encontro. Ainda me sentia muito insegura para dirigir, principalmente naquela ladeira, gostaria de ter um motorista naquele momento. Mas a necessidade de ver o grupo, me sentir acolhida, querida, me fez vencer o medo e subi aquele morro.
É claro que errei o caminho e quando cheguei lá muitos já haviam indo embora, tinha ficado um pequeno grupo, só gente interessante, iam assistir um filme, última atividade do encontro. Foi legal chegar e ser saudada, com alegria, beijos, abraços e principalmente muuuito carinho, tudo o que eu precisava naquele momento.
Só que de repente, sou um pouco lerda para alguns processos de compreensão, percebi que um determinado abraço havia sido mais caloroso, como um abraço em público pode ser, ele fez questão de sentir o cheiro do meu pescoço e me beijar muito perto dos meus lábios, o que estava acontecendo?????????
Tinha certeza que o meu nível de carência era tão grande que estava fantasiando com meu antigo professor. Na verdade ele era estagiário de Educação Física naquela época, engraçado, por que ele era muito cobiçado e eu nem olhava para ele por que sabia da minha insignificância dentro daquela abundância de olhares cobiçosos e desejosos. Mas agora ele já era professor e coordenava aquela atividade. Suas mãos continuaram na minha cintura e ele me guiou até o lugar da sala de projeção e sentamos lá trás, sem nada falar, apenas de mãos dadas assistimos todo o filme.
No final ele foi lá pra frente, puxou um pequeno debate, encerrou o encontro e convidou a todos para um lanche. Neste momento aproveitei para conversar com minhas amigas, que estavam tão surpresas como eu por toda aquela atenção. Durante o lanche ele veio falar comigo pela primeira vez, me pedindo carona, eu imediatamente perguntei se ele dirigia, ele disse que sim e então perguntei se ele se importaria de levar o carro eu tinha tirado a carteira aquela semana e me sentia muito insegura para dirigir naquele lugar e principalmente a noite, para falar a verdade já estava em pânico só em pensar em dirigir aquela ladeira abaixo no escuro, ele achou engraçado, perguntou aonde eu morava e garantiu que me deixaria em casa.
Esperamos todos irem embora para seguir o nosso caminho, ficamos em silêncio grande parte do tempo, e aquele silêncio me envolveu, não sei explicar, não sentia necessidade de falar, me alegrava sentir o seu olhar, os rápidos momentos dos sinais de trânsito, quando sua mão podia largar a marcha e me tocar, de repente só aquilo importava o próximo toque. Já havíamos passado metade do caminho quando ele me falou que estava morto de fome e perguntou se eu não queria jantar com ele. No primeiro momento fiquei triste, aqueles toques rápidos iriam acabar, mas imediatamente percebi que era o momento de abrir o caminho para algo. Talvez não fosse mais momentos de sonho e sim da realidade, que as vezes podia ser tão fantasticamente mais doce e sem a necessidade de acordar.