segunda-feira, 16 de junho de 2008

Running with Scissors

Running with Scissors



Intrigante, talvez esta seja a única palavra que encontrei para explicar, se é que uma palavra explica alguma coisa, o filme “Running with Scissors” (Correndo com Tesouras) de 2006. O filme é uma adaptação do livro autobiográfico do mesmo nome, escrito por Augusten Burroughs, que aparece no final do filme, antes dos créditos, com o ator que o interpreta. Na década de 70, angustiado com o momento que estava vivendo, começa a escrever um diário. Filho de pai alcoólatra e mãe, digamos, com grande instabilidade emocional, Augusten é obrigado, por ser menor, a ir morar com o psiquiatra da mãe. Ele que reclamava que a sua família não era normal, se vê obrigado a descobrir o que é “anormalidade”.

O tema da loucura, acredito ser, de difícil abordagem, fica entre a comédia e o drama, e é isso, pelo menos me pareceu ser, o que o diretor Ryan Murphy, roterista durante um tempo da série “Nip/Tuck”, tenta fazer. Com uma narrativa atraente se passeia por um banquete de loucuras. Quem gosta do tema não pode perder. Augusten é interpretado por Joseph Cross, sua mãe um ótimo trabalho de Annete Bening. Também tem a participação da Gwynet Paltrow. Mas na verdade quem esta excelente, como sempre é Jill Clayburgh. Quem não se lembra dela, se isto for possível, “An Unmarried Woman” (Uma Mulher Descasada) de Paul Mazursky, 1978, e o inebriante “La Luna” de Bernardo Bertolucci, 1979. Se você ainda não lembrou, assista “Dirty Sexy Money”, por que a sua presença por menor que seja sempre dá um toque especial.

Voltando a questão da loucura, anormalidades, ou seja, lá que nome daremos a este estado emocional, o que é inegável, é a dificuldade que existe de se conviver com alguém assim, porém no filme parece que todos estão em estado de pré-surto, a falta de esperança é um abismo que envolve a todos. Não existe a ordem tão necessária para a sobrevivência humana. Em um determinado momento Augusten, então um adolescente, escreve em seu diário, como ele sente falta das “regras”, de ter hora para chegar em casa, de receber broncas da mãe, etc...

Porém prefiro olhar sempre o lado positivo de tudo, e o mais importante é que alguém conseguiu ver que a esperança não está no formato das fezes, e que o prosseguir não está em um Valium, mas, quem sabe, em alguns momentos, se possa encontrar isso tudo em um bom prato de comida caseira.

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